A uma semana dos atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) marcados para 7 de setembro, um estudo do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) mostra que a adesão de policiais a ambientes bolsonaristas radicais nas redes sociais disparou em relação a 2020, quando o primeiro levantamento desse tipo foi feito.
Segundo dados de agosto, essa adesão é puxada pelas polícias militares: 51% dos praças (agentes de baixa patente, incluindo soldados, cabos, sargentos e subtenentes) são bolsonaristas —um aumento de dez pontos percentuais em relação aos 41% em 2020. Desses praças, 30% interagem hoje com conteúdos radicais, como pautas antidemocráticas e de ataque a instituições, contra 25% no ano passado.
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Já entre os oficiais (membros da alta patente, incluindo aspirantes a oficiais, tenentes, capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis), a adesão ao bolsonarismo chega a 44% da tropa —23% deles interagem com conteúdos radicais ante 17% no ano passado. Em 2020, o alinhamento com o bolsonarismo não passava de 34%. O aumento expressivo é encarado pelo FBSP com ainda mais preocupação.
O sociólogo pontua que, mesmo que esses riscos não gerem uma ruptura em 7 de setembro, vê-se um processo muito intenso de degradação institucional nas polícias. “O problema não é uma ruptura abrupta, mas o esgarçamento dos controles civis. Não é algo que começou com Bolsonaro e nem vai acabar em 2022.”
Na pesquisa de 2020, o FBSP mostrou que, além do apoio ao grupo político do presidente, esses policiais também reproduziam discursos de ódio, o que também foi verificado no novo levantamento. Há adesão significativa a pautas racistas e contra os direitos LGBTQI+, além de rejeição à defesa dos direitos humanos.
Os dados são fruto de um cruzamento feito pelo FBSP entre as listagens de policiais da ativa contidas nos Portais de Transparência dos governos estaduais e um levantamento para identificar os perfis desses agentes no Facebook e no Instagram.
A partir disso, foi feita uma amostra com fundamentos estatísticos para representar proporcionalmente o efetivo policial no país. Foram selecionados 651 perfis, cujas ações foram monitoradas de maneira anônima. O estudo utilizou apenas informações públicas disponibilizadas pelas redes sociais a pesquisadores.
A pesquisa tem índice de confiança de 95% e margem de erro de 3%.